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Padroeiras

Em 1891, algumas jovens mulheres já moravam em comunidade, ajudando os padres e irmãos na nova fundação de Santo Arnaldo: a Congregação dos Missionários do Verbo Divino. Ele queria que elas participassem da elaboração das regras, por isso pediu que sugerissem o nome de sete santas mulheres, em cuja vida fosse especialmente notável um dom específico do Espírito Santo. As sete santas mulheres escolhidas se tornaram as padroeiras da Congregação, cada qual ligada a um dom do Espírito Santo (Primeiros Relatos Gerais, 4).

Hoje, somos um grupo internacional com cerca de 3 mil membros, enraizadas na espiritualidade trinitária. Sentimo-nos chamadas à missão, sempre prontas e comprometidas no serviço amoroso a Deus, em nossas irmãs e irmãos necessitados mundo afora. Esperamos que gostem e se sintam inspirados por estas santas mulheres e os dons do Espírito Santo com os quais estão associadas. 

Santa Escolástica

O dom do entendimento

Escolástica, irmã de São Bento, dedicou sua vida a Deus desde a mais tenra idade. Depois que seu irmão foi a Monte Cassino (Itália), para estabelecer seu famoso mosteiro, ela ficou morando na vizinhança, onde fundou e governou um mosteiro para monjas, a cerca de oito quilômetros da comunidade de Bento, que, ao que tudo indica, também dirigiu sua irmã e as monjas. 

Escolástica ia ver seu irmão uma vez ao ano, mas ela não podia entrar no mosteiro masculino. Por isso ele, acompanhado de alguns de seus irmãos, a visitava numa casa um tanto distante. Esses encontros consistiam em reflexão conjunta sobre assuntos espirituais. 

Numa dessas ocasiões, como de costume, haviam passado o tempo em oração e piedosa conversa. À noite, Escolástica pediu que o irmão ficasse até o dia seguinte. Bento se recusou a passar a noite fora de seu mosteiro. Ela, contudo, abaixou a cabeça e rezou fervorosamente. Caiu um temporal, e Bento e seus companheiros não puderam voltar para casa. Passaram a noite em colóquio espiritual. 

Na manhã seguinte, partiram para nunca mais se encontrarem naquele lugar. Três dias depois, Escolástica morreu. Bento teve uma visão da irmã subindo ao céu na forma de uma brilhante pomba branca. Mandou que seus irmãos levassem o corpo da irmã ao mosteiro e o colocassem no túmulo que ele havia preparado para si. Escolástica morreu por volta do ano 543, e Bento a seguiu pouco depois. 

Santa Maria Madalena

O dom da fortaleza

Conforme o Evangelho, Maria, a mãe de Jesus; a irmã de sua mãe, Maria, esposa de Cléofas; e Maria Madalena estavam junto à cruz de Jesus e demonstravam sua fidelidade até o fim. As mulheres tinham a responsabilidade de ungir o corpo do Senhor e envolvê-lo num manto especial. Era sábado, por isso as mulheres não puderam terminar a tarefa. 

Os quatro evangelhos relatam que, na madrugada de domingo, o primeiro dia da semana, quando ainda estava escuro, Maria Madalena chegou ao túmulo e viu que a grande pedra da entrada estava removida. Assim, correu até Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava, e lhes relatou: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sei onde o puseram”. 

O Senhor apareceu a Maria Madalena e lhe disse: “Não me detenhas, pois ainda não subi ao Pai. Mas vai a meus irmãos…”. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: “Eu vi o Senhor”. A primeira a proclamar o mistério da presença de Cristo ressuscitado foi Maria Madalena. Foi a primeira apóstola da Ressurreição, a Apóstola dos Apóstolos. Conforme o Novo Testamento, ela foi uma das mulheres mais significativas a apoiar o ministério de Jesus. 

Santa Hildegarda de Bingen

O dom do conselho

O ano do nascimento de Hildegarda de Bingen é incerto. Estima-se ser por volta de 1098. Era a décima filha e nascida com saúde frágil. Desde bem cedo, experienciava visões. Talvez devido às visões divinas, os pais a ofertaram à Igreja. Os relatos de sua vida nos contam que estava enclausurada com outra irmã mais velha, chamada Jutta, já aos 8 anos. O povo ouvia Hildegarda falando sobre suas visões, apesar de ser uma época patriarcal, em que poucas mulheres tinham voz.

Durante os 24 anos em que Jutta e Hildegarda moraram juntas no convento, é possível que Hildegarda tenha sido cantora, trabalhadora no herbário e na enfermaria. Ela lia as Escrituras, tais como o saltério do Ofício Divino, e fazia trabalhos manuais. Hildegarda também aprendeu a tocar o saltério de dez cordas. O monge Volmar, um visitante frequente, pode ter ensinado a Hildegarda uma simples notação dos salmos. 

Após a morte de Jutta, em 1136, Hildegarda foi, por unanimidade, eleita “magistra” por suas coirmãs. Ela e umas vinte monjas se mudaram para o Mosteiro de São Rupertsberg, em 1150, onde Volmar serviu como reitor bem como confessor e escriba de Hildegarda. Em 1165, ela fundou um segundo convento para suas monjas, em Eibingen. A célebre monja morreu em 17 de setembro de 1179. Em 2012, o Papa Bento XVI a proclamou Doutora da Igreja.

Santa Teresa de Ávila

O dom do entendimento

Teresa nasceu em Ávila, Espanha, em 28 de março de 1515. Em seu livro chamado “Caminho da perfeição”, ela se dirige a suas irmãs, ensinando-lhes as principais virtudes, iluminando mais a prática da oração. O Pai-Nosso era o meio de ensino da oração mais aprofundada. Esse livro é, às vezes, referido como ápice da doutrina ascética de Teresa. 

Outra de suas obras, “Castelo interior”, é a principal fonte do ensinamento teresiano maduro sobre a vida espiritual. A principal ênfase está na vida de oração, mas outros elementos (o apostolado, por exemplo) também são tratados. O castelo interior é a alma, no centro da qual habita a Trindade. 

O crescimento na oração possibilita a pessoa a entrar em intimidade maior ao longo das moradas (ou mansões) do castelo, partindo do externo rumo ao centro luminoso. Quando alguém chega à união com Deus no degrau possível, em outras palavras, atinge, como ser humano, a integridade de filho, filha de Deus. Cada uma das moradas do castelo se identifica por um estágio diferente na evolução da oração, com seus consequentes efeitos em cada uma das demais fases da vida da pessoa. 

Teresa morreu em Alba, em 4 de outubro de 1582. Quarenta anos depois, foi canonizada pelo Papa Gregório XV. Em 1970, foi declarada Doutora da Igreja pelo Papa São Paulo VI.

Santa Gertrudes de Helfta

O dom da piedade

Santa Gertrudes nasceu na Alemanha, em 6 de janeiro de 1256. Em seus escritos, Gertrudes se refere a si mesma como órfã. Ela foi colocada sob os cuidados da abadessa. Mechtilde de Hackeborn, irmã mais nova da Abadessa, era a professora quando Gertrudes entrou na comunidade beneditina. Depois de sua profissão monástica, dedicou-se ao estudo de literatura. 

Era de caráter e personalidade fortes, e se tornou uma presença vivificante na comunidade, que contava com aproximadamente cem mulheres durante seu tempo de vida. Pouco depois de seu 25º aniversário, Gertrudes experienciou um encontro repentino e inesperado com o Cristo ressuscitado, momento o qual ela chamou sua “conversão”. No mais profundo de seu coração, ouviu Cristo lhe dizer “Não tema, vou salvar e libertá-la”. Essa foi a primeira de uma série de visões que a levaram à oração mística e acabaram transformando sua vida. 

A compreensão que Gertrudes tinha do amor de Deus se baseava no mistério do amor mútuo entre as pessoas da Santíssima Trindade, voltando sempre a toda a criação. Santa Gertrudes morreu por volta de 1302, em Helfta (Alemanha), perto de Eisleben, Saxônia.

Santa Cecília

O dom do temor de Deus

Cecília, virgem de nobre família e cristã desde a infância, foi dada em casamento pelos pais ao distinto jovem pagão Valeriano. Depois do casamento, Cecília contou a Valeriano que era noiva de um anjo o qual, com ciúmes, guardava seu corpo. Valeriano queria ver o anjo, e Cecília o mandou procurar o bispo. O noivo voltou para Cecília como cristão. Quando Tibério, irmão de Valeriano, o encontrou, logo também se rendeu ao cristianismo. 

Como filhos zelosos da fé, os dois irmãos distribuíram ricas doações e enterravam os mártires e confessores que morriam por Cristo. O prefeito, Tárcio Almáquio, condenou-os à morte. Máximo, um oficial do prefeito, nomeado para executar a sentença, também se converteu e sofreu o martírio com os dois irmãos. 

Cecília foi presa. Providenciou para que seu lar fosse preservado para a Igreja, como lugar de louvor. Após uma gloriosa profissão de fé, foi condenada a ser sufocada na banheira de sua própria casa. Mas continuou intacta no ambiente superaquecido. O prefeito então mandou decapitá-la. O executor deixou sua espada cair três vezes, sem completar a tarefa, e fugiu, deixando-a numa poça de sangue. A jovem viveu ainda três dias e passou seus bens aos pobres. Foi enterrada nas Catacumbas de São Calisto. 

Cecília é conhecida com santa padroeira dos músicos e dos poetas. Segundo a tradição, enquanto a mártir morria, cantava para Deus. Mais tarde, seu corpo foi trasladado para a Basílica construída sobre a casa paterna.

Santa Catarina de Alexandria

O dom da sabedoria

Catarina nasceu em Alexandria (Egito), no ano de 287, e foi educada como pagã. No fim da adolescência, converteu-se ao cristianismo. Ela era filha de Costus, um governador pagão de Alexandria. A jovem anunciou a seus pais que somente se casaria com alguém que a superasse em beleza, inteligência, riqueza e status social. Esse foi um prenúncio de sua eventual descoberta de Cristo. “Sua beleza é mais radiante que o brilho do Sol, sua sabedoria governa toda a criação, sua riqueza se espalha pelo mundo todo.”

Conta-se que visitou seu contemporâneo, o imperador romano Maximinus, tentando convencê-lo do erro moral de perseguir os cristãos. Conseguiu converter sua esposa, a imperatriz, e muitos filósofos pagãos. O imperador mandou que os filósofos disputassem com ela; e todos eles foram martirizados na sequência. 

Diante do fracasso do imperador de vencer Catarina, mandou prendê-la. Ao ver que as pessoas que a visitavam se convertiam, condenou-a à morte, numa roda com pontas agudas e cortantes, um instrumento de tortura. Conforme a lenda, a roda se quebrou quando ela a tocou, e assim, foi decapitada. Era o ano de 305. Seu principal símbolo é a roda com pontas agudas, que ficou conhecida como a “roda de Catarina”.

Deus Uno e Trino, nós nos apresentamos para pedir uma bênção sobre este mundo. Invocando nossas padroeiras, oramos por todas as pessoas, em todos os tempos e lugares.

Por intercessão de Santa Catarina de Alexandria, pedimos o dom da sabedoria, especialmente para quem exerce liderança ou pensa em ofertar a vida a Deus. Senhor, ouvi-nos.

Por intercessão de Santa Escolástica, pedimos o dom da compreensão especialmente para quem dedica sua vida a cuidar dos outros. Senhor, ouvi-nos.

Por intercessão de Santa Hildegarda de Bingen, pedimos o dom do conselho, especialmente pela coragem das mulheres e de outros sem voz. Senhor, ouvi-nos.

Por intercessão de Santa Maria Madalena, pedimos o dom da fortaleza especialmente para as pessoas perseguidas por sua fé. Senhor, ouvi-nos.

Por intercessão de Santa Teresa de Ávila, pedimos o dom do conhecimento especialmente para quem deseja a vida religiosa ou anseia por um relacionamento mais profundo com Deus. Senhor, ouvi-nos.

Por intercessão de Santa Gertrudes de Helfta, pedimos o dom da piedade especialmente para que irmãos e irmãs possam crescer na vida da Trindade, adorando o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Senhor, ouvi-nos.

Por intercessão de Santa Cecília, pedimos o dom do temor do Senhor especialmente para os irmãos e irmãs catecúmenos. Senhor, ouvi-nos.

Que nossas santas padroeiras estejam sempre atentas às necessidades da Igreja e do mundo, e que nunca deixemos de rezar para que o Santo Deus Trino possa viver em nossos corações e no coração de todas as pessoas.

Amém.

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